Num elevado e curto momento de humor, o sábio bíblico brinca:
“A sanguessuga tem duas filhas, e as duas se chamam: Me dá! Me dá!” Pv. 30:15 – NTLH
Estamos cercados de sanguessugas e não precisamos ir aos pântanos, onde vivem, para termos chupado o sangue de nosso corpo. Segundo os estudiosos, há mais de 500 espécies. Cada um destes parasitas é capaz de ingerir uma quantidade de sangue 500 vezes superior ao seu próprio volume. A sanguessuga é absolutamente insaciável.
Talvez você nunca tenha sido atacada por uma delas. Neste caso, precisa saber como agem. Quando você entrar no habitat delas, elas grudarão na sua perna. Você não sentirá dor, porque eles inoculam um líquido anestésico local. A abertura feita na pele permanecerá, drenando sangue, porque a saliva da sanguessuga contém anticoagulante. Em resumo, a sanguessuga é uma perfeita máquina de chupar sangue.
As sanguessugas só pensam no bem-estar delas, nunca no dos outros. As sanguessugas são egoístas profissionais, porque só pensam no que podem tirar dos outros.
Diante desta bem-humorada advertência bíblica, a primeira coisa é nos olhar no espelho: somos como as sanguessugas?
Olhamos para os que nos cercam, dentro e fora de nossa família, como pessoas que nos podem dar alguma coisa? Há muitos filhos que só veem seus pais como provedores ou como donos do cofre, interessados apenas no dinheiro que podem sair de suas carteiras. Há cônjuges que grudam apenas para tirar. Não há casamento que resista a atitudes assim. Sobretudo em casa, temos que colocar em prática o ensino de Jesus, de que dar é melhor do que receber (At. 20:35).
Em nosso relacionamento com Deus, devemos cuidar para não sermos como a sanguessuga, orando sempre de um mesmo modo: “me dá, me dá”, como se ele estivesse obrigado a nos dar tudo o que pedimos. No mesmo tom bem-humorado, podemos fazer uma paródia à oração Pai-Nosso, para dizer que há muitas pessoas que oram assim: “Senhor, venha a nós o nosso reino e ao teu Reino nada!”.
Em nosso relacionamentos com as pessoas, devemos cuidar para que não nos façam de vítimas do seu egoísmo. Temos que entrar no pântano, mas precisamos nos proteger.
Não devemos ser indiferentes e frios diante das necessidades dos outros. Igualmente, não podemos nos permitir ser explorados porque aqueles que não observam as formigas nem aprendem com elas o valor do trabalho e da poupança.
É verdade que cada um tende a pensar apenas em si mesmo. No entanto, somos chamados por Jesus a pensar no outro, sobretudo nos pobres (Mt. 10:42).
Quando estabelece os padrões para a vida familiar, o apóstolo Paulo fixa a mutualidade como alvo (Ef. 5:21). Viver a mutualidade é buscar primeiro o bem-estar do outro, depois o nosso. É primeiramente dar, talvez receber.
Israel Belo de Azevedo